Entre 2004 e 2016, os norte-americanos experienciaram o “Boom do Xisto”. Entretanto, hoje, os Estados Unidos começam a barrar ou dificultar a prática. A exemplo da Califórnia que baniu novas autorizações para esse tipo de exploração. O receio vem do potencial de inutilização (por contaminação) da água doce, seja utilizada no processo, ou armazenada nos lençóis freáticos. Cientistas evidenciaram a relação do modelo com a má saúde de residentes próximos à exploração, mesmo em locais com normas/legislações específicas.
No Brasil, há leis municipais e estaduais que burocratizam, ou até proíbem, a prática —como é o caso de Santa Catarina (SC 17.766/2019) e Paraná (PA 19.878/2019)—, mas não há consenso. Em 2013, tendo em vista a oportunidade que seriam os não-convencionais, a ANP realizou a 12ª Rodada de Licitações de Blocos, na qual, pela 1ª vez, foram licitadas regiões com potencial para fracking. No entanto, o Ministério Público Federal ingressou com ações judiciais que suspenderam os contratos da rodada, assim como o poder da autarquia de licenciar/licitar empreendimentos em reservatórios não-convencionais por cinco anos.
Governo precisa “pagar a conta” para não devolver o país à direita
Apelidado pelas ONGs ambientais de “Leilão do Fim do Mundo”, o novo ciclo retoma a imagem de potência petrolífera do Brasil e projeta o país como um futuro player de importância no cenário global. A gestora Vinci Partners (com exclusividade ao NeoFeed) analisa que até 2030 o Brasil ocupe a 4ª posição no ranking de produtores, elevando a projeção de barris diários para 5,4 milhões (atrás apenas de EUA, Arábia Saudita e Rússia).
Atualmente, como parte da Opep+ (extensão do maior cartel de petróleo do mundo e entidade fundamental para definir os rumos do preço da commodity), os lotes arrematados no dia 13 de dezembro apontam investimentos mínimos de R$ 2 bilhões.
Todavia, com a modalidade de Oferta Permanente, o 4º ciclo de leilões é perene. Os licitantes podem manifestar interesse para qualquer bloco, área ou setor, independentemente da abertura de novos editais. Em suma, os outros 410 não-arrematados seguem disponíveis pela mudança na Resolução do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética). O adendo 27/2021 priorizou o sistema de Oferta Permanente para a concessão de áreas de exploração de petróleo e gás natural com o intuito de aumentar a produção interna, expandindo a exploração dos hidrocarbonetos.